Mundo Segundo e Sam The Kid: as “velhas guardas” do hip-hop português [Entrevista]

Mundo Segundo e Sam The Kid: as “velhas guardas” do hip-hop português [Entrevista]

Mundo Segundo e Sam The Kid subiram ao palco no terceiro dia da Receção ao Caloiro ’19. Depois da atuação de Kappa Jotta, os dois artistas levaram o melhor de Gaia e Chelas até ao Pavilhão Multiusos de Guimarães. O Jump Around juntou a arte urbana com a música, vibrando os estudantes da academia minhota. A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) foi até aos bastidores e esteve à conversa com os dois rappers, que falaram sobre o projeto em conjunto e a evolução do hip-hop português.

O público do Minho entrou em festa convosco. O que acharam do ambiente que se viveu aqui hoje? Superou as vossas expectativas?

Mundo Segundo (MS): Foi incrível do início ao fim do concerto. O pessoal acompanhou as letras das músicas antigas e recentes e isso é importante para nos ajudar a enviar energia para este público maravilhoso. Superou as nossas expectativas. Já tínhamos estado em Guimarães, mas hoje conseguiu superar os restantes espetáculos que fizemos nesta cidade.

Sam The Kid (STK): Estamos habituados a contar com um público bom na cidade-berço, um público que nos consegue sempre surpreender. É uma energia incomparável. Muito bom.

 

Como é que começou o projeto Gaia/Chelas?

MS: Nós conhecemo-nos nos finais dos anos 90 e fomos desenvolvendo a nossa amizade. Começamos por volta do ano de 1999/2000 na cave do DJ Cruzfader a pensar fazer umas músicas, que depois nunca se chegaram a realizar. Entretanto, eu e o Sam fomos desenvolvendo as nossas próprias carreiras, seja a solo ou com o resto do meu grupo (Dealema). Há 5 anos, o Sam The Kid desafiou-me a fazer umas batalhas instrumentais e voltamos a avivar esta ideia de concretizarmos um protejo juntos.

Vocês são uns dos impulsionadores do hip-hop português, que por sua vez, é um dos estilos musicais que tem crescido muito em Portugal. Na vossa opinião, essa evolução deve-se a quê?

STK: A evolução deve-se a todos os que enaltecem o hip-hop tuga. Cada um vai contribuindo para esse crescimento e depois inspiramo-nos uns aos outros. A popularidade foi aumentando, o que fez com que haja mais oferta e procura dentro do próprio negócio e eventos. Os espetáculos são uma consequência dos trabalhos físicos e online. Não é fruto de apenas uma pessoa só. É fruto de todos os intervenientes, quer seja no rap, DJ, breakdance, graffiti e esta noite foi um grande exemplo da fusão dessas vertentes todas.

É notório que o Pavilhão Multiusos de Guimarães vibrou com a atuação de hoje. O que é que acham que a vossa música tem de especial para continuar a animar os diversos públicos de Norte a Sul de Portugal passados tantos anos desde o início da carreira?

MS: Sinceramente, apenas nos limitamos a ser nós próprios e a fazer a nossa arte da forma como gostamos. É algo que só o público poderá dizer como é que se sentem inspirados. Expressamos aquilo que sentimos. Foi essa a força do início e continua a ser a mesma passado tantos anos. Quando estou a fazer uma música, eu estou a fazê-la para mim e a pensar apenas em mim. Nunca criamos algo para agradar a um certo número de pessoas. Nós fazemos sempre ao nosso gosto. Se as pessoas se identificam, quer dizer que conseguimos passar uma mensagem através da nossa música.

Que música da vossa autoria desperta muitos sentimentos?

STK: Isso é relativo. Todas as músicas devem despertar sentimentos. Umas despertam um sentimento de introspeção, outras de celebração. Mas nós tentamos que as nossas músicas despertem alguma ligação especial. É por isso que batalhamos todos os dias. Por exemplo, Gaia/Chelas é uma música que celebra a nossa amizade enquanto artistas.

Que mensagem deixariam aos novos alunos da academia minhota?

MS: Aproveitem ao máximo o tempo que vivem aqui na universidade e principalmente as amizades que daqui levam. É uma altura da vida que passa a correr. Essa é a mensagem principal.

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